http://vimeo.com/45933125
"O único argumento legítimo e verdadeiro que têm [os aficionados], é o de a tourada ser um espectáculo legalizado e, como tal, terem todo o direito a
participar. Ponto final porque acabam aí os argumentos válidos.
O sr. que fala em adrenalina ou no sangramento para alívio do touro obviamente não entende nada de biologia, de fisiologia ou de comportamento animal; percebe apenas da sua adrenalina quando assiste a espectáculos de violência. Essa dos sangramentos para alívio dos humores foi uma prática médica muito em voga na Idade Média mas abandonada posteriormente.
O que está na base do movimento anti-touradas não é claramente uma questão de gostos. Os gostos não se discutem. O pior é quando os nossos gostos colidem com a vida ou a integridade física de outros. Gostar é diferente de amar ou respeitar. É por demais evidente que os pedófilos gostam de crianças; mas é uma maneira de gostar que passa pela exploração dos menores e pela negação dos seus direitos.
Os que vivem da indústria tauromáquica cuidam dos touros porque vivem da sua exploração; se eles não lhes trouxessem rendimento, duvido que tratassem deles em regime pro-bono. Mas fica o desafio: vamos ver quantos aficionados amam verdadeiramente a raça taurina e se dispõem a cuidar dos exemplares existentes quando acabarem as touradas. Como fazem, por exemplo, as associações de animais por este país fora, que abnegadamente se dedicam a cuidar de cães e gatos abandonados.
Outra falácia comum para fugir à discussão séria sobre ética é comparar a vida em liberdade que precede a tortura na arena à vida dos animais em criação intensiva. É claro que a criação intensiva é uma ignomínia, mas não invalida que as corridas de touros não constituam também uma ignomínia.
Aqui podemos cair na questão de comparar coisas parvas como campos de concentração, por exemplo: seria melhor acabar em Auschwitz ou em Treblinka? É melhor morrer à nascença ou aos 4 anos? Com uma facada no peito ou afogado? Tudo isto são questões absolutamente laterais e cujo único objectivo é desviar a atenção de uma pergunta muito simples: é eticamente aceitável criar um animal para o massacrar publicamente e ganhar dinheiro assim?
Se respondermos sim, abrimos a porta para as lutas de cães, de galos, e até de indivíduos que, por grande carência financeira ou mesmo falta de neurónios, se disponham a entrar num recinto e participar numa luta de morte em jeito de espectáculo. Há quem goste de ver. E se vamos pela quantidade de público a assistir, nada batia os linchamentos públicos nos pelourinhos. Mas isso também acabou; houve uma altura em que passámos a considerar isso um espectáculo incorrecto e imoral.
Vi agora que ainda há mais uns pseudo-argumentos: comparar injecções ou vacinas com as bandarilhas. Parece uma brincadeira comparar uma agulha fina com o objectivo de tratar uma doença ou evitar outra - no caso das vacinas - com a introdução de 9cm em metal grosso, cujos 3cm finais são em forma de arpão para não sair e continuar a rasgar os músculos e os ligamentos durante a lide. Das duas, três: ou está a brincar, ou não usa o raciocínio ou quer enganar os outros.
Depois vem mais uma das bandeiras frequentemente agitadas: a da extinção do touro bravo. Como muitos dos que lutam contra a existência das touradas são pro-ambientalistas, este parece ser um argumento forte. Parece, mas obviamente não é. O que os ecologistas defendem é a não interferência nos ecossistemas porque há equilíbrios frágeis cuja totalidade das varáveis são
desconhecidas e as rupturas imprevisíveis. Não tem nada a ver com o touro bravo. A extinção do touro bravo teria o mesmo impacto ambiental que a extinção do caniche. Podemos lamentá-la, claro, por razões sentimentais,
mas não afectam em nada os ecossistemas. E se falamos de ambiente, as herdades onde se faz a criação extensiva de touros podiam dar lugar a montados de sobro e plantação de oliveiras. Temos um clima e um solo excelentes para a produção de azeite e cortiça e não somos autónomos na questão do azeite, o que nos traria ganhos financeiros e mais independência económica. Os toureiros, se quisessem reconverter-se, podiam ir para a apanha da azeitona com as suas calcinhas justas e a jaqueta de lantejoulas; não seria prático mas dava uma nota de cor aos campos nessa altura do ano."
[texto retirado de página de Nuno Markl @ facebook]
Boa tarde,
ResponderEliminarComeço por dizer que adoro animais e que não sou apreciadora de touradas. No entanto, apesar de respeitar e partilhar da maior parte dos seus argumentos, penso que também será de respeitar a tradição e o espectáculo que ainda a tantos agrada.
Penso que a única coisa que está errada na tourada é o facto de se magoar o animal. Seria espectável que, com o evoluir da sociedade e existindo cada vez maior sensibilidade face ao sofrimento alheio, se arranjasse alternativas ao ferimento do touro, evitando assim o massacre. Em vez de espetar farpas porque não se arranja outro sistema de marcação sem ferir o bicho? colar marcos por exemplo. Assim ficavam todos contentes, inclusive o touro que, especulações e hipocrisias à parte, tal como todos os seres vivos, deve nascer para viver e não para ser comido por nós. E que, como tal, lhe dará maior prazer viver para lutar e se for preciso morrer a lutar na arena, sempre na ilusão de vencer o toureiro, do que viver uma vida inteira confinado e morrer sem dar conta com um choque no matadouro.
Penso que é sempre possível e desejável chegarmos a um consenso, tudo é relativo e estamos muito longe de perceber verdadeiramente o sofrimento dos animais.
Cumprimentos.
Talvez pudessem ir os toureiros a pé para os campos correr atrás dos touros, sempre que o amor pelos animais, como eles tanto apregoam, lhes causasse aquela necessidade de demonstrar o quanto são superiores.
EliminarHá alguns séculos atrás abolimos a escravatura humana.
EliminarChegou a época de abolir a escravatura animal.
Manif no dia 15 de agosto de 1014???? Estão a organizar ou este ano não vai haver.
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