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Agricultura Moderna e Desperdicio de Energia - Masanobu Fukuoka



"A dada altura as pessoas pensaram que usar os animais na agricultura lhes iria facilitar o trabalho. Mas ao contrário das expectativas, a nossa dependência nestes animais tornou-se numa desvantagem."

"É hoje evidente que o homem pagou caro o benefício que tirou da domesticação dos animais."

Resumo de texto retirado do Livro  The Natural Way Of Farming - The Theory and Practice of Green Philosophy, de Masanobu Fukuoka



Agricultura Moderna e o Desperdício de Energia



Por oposição ao método de Agricultura Natural de Masanobu Fukuoka

É geralmente aceite que a agricultura científica tem uma grande taxa de produtividade mas se calcularmos a eficiência energética da produção, descobrimos que na verdade o nível de produção diminui com a mecanização.
A tabela 1.1., apresentada em baixo, compara a quantidade de energia dispendida directamente na produção de arroz usando cinco métodos diferentes de agricultura: agricultura natural, agricultura com ajuda de animais, e agricultura com uso de maquinaria em pequena, media e larga escala.
A agricultura natural requer apenas o trabalho de um homem por dia para recolher cerca de 60kg de arroz, ou 200, 000 kilocalorias de energia proveniente da alimentação, por cada 1000 metros quadrados de terra cultivada.
A quantidade de energia necessária para recolher 200, 000 kilocalorias da terra, utilizando este método são apenas as 2.000 kilocalorias que um agricultor come durante um dia de trabalho.
O cultivo com cavalos ou bois requer o gasto de energia cinco a dez vezes maior, e a agricultura mecanizada requer um gasto de energia 10 a 50 vezes maior.
Uma vez que a eficiência da produção de arroz é inversamente proporcional ao gasto de energia, o uso de agricultura científica ou mecanizada, requer uma despesa, por cada unidade de alimento produzido, 50 vezes maior do que aquela que seria obtida utilizando o método da agricultura natural. […]

 
A dada altura as pessoas pensaram que usar os animais na agricultura lhes iria facilitar o trabalho. Mas ao contrário das expectativas, a nossa dependência nestes animais tornou-se numa desvantagem. Os agricultores teriam tido mais sucesso se tivessem usado apenas porcos ou cabras para arar e virar o solo. De facto, o que eles deveriam ter feito era deixar o solo ser trabalhado por pequenos animais, - galinhas, coelhos, ratos, toupeiras, e minhocas.
O uso de grandes animais só é útil quando uma pessoa esta com pressa de acabar o trabalho.
Tendemos a esquecer que é preciso 2 acres (8000metros quadrados) de pastagem para alimentar apenas um cavalo ou vaca. É hoje evidente que o homem pagou caro o benefício que tirou da domesticação dos animais. A razão pela qual os agricultores indianos hoje são tão pobres deve-se ao facto de terem criado grandes números de vacas e elefantes que comeram a erva toda, enquanto os seus excrementos eram secos e queimados como combustível.
Tais práticas empobreceram a fertilidade do solo e reduziram a produtividade das terras.
[…] As pessoas têm de trabalhar dez vezes mais para comerem bife em vez de cereais, e é melhor estarem preparadas para trabalhar cinco vezes mais ainda se quiserem comer ovos e leite.
Fazer agricultura baseada no trabalho de animais, ajuda a satisfazer certos desejos, mas aumenta também em grande parte o trabalho do homem. Embora esta forma de agricultura pareça trazer benefícios ao homem, na verdade põe-no ao serviço da alimentação dos animais. Ao criar vacas, porcos ou elefantes como membros da família, os agricultores do Japão e da Índia empobreceram-se a eles próprios para poderem alimentar os seus aniamais com as calorias que eles precisavam.
A agricultura mecanizada é ainda pior. Em vez de reduzir o trabalho do agricultor, a mecanização escraviza a pessoa ao seu equipamento. Para o agricultor as máquinas são o maior animal doméstico de todos, um grande comilão de petróleo, um bem de consumo em vez de um bem capital (definição de Marx em O Capital). À primeira vista, a agricultura mecanizada parece aumentar a produtividade por trabalhador e desta forma aumentar o lucro. No entanto, pelo contrário, um olhar sobre a eficiência da utilização da terra e sobre o consumo de energia revela que este é na verdade um método extremamente destrutivo de agricultura.

Resumo de excerto de texto pp.12, 13,14  de The Natural Way Of Farming - The Theory and Practice of Green Philosophy, translator Frederic P. Metreaud, published by Japan Publications, Autor: Masanobu Fukuoka.


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