(Por Pedro Sousa Tavares. In DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 15 de Dezembro de 2009, http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1447467&seccao=Biosfera)
Ao combinar três chamamentos ('hok', 'krak' e 'boom') e um sufixo (oo), o macaco de Campbell produz um conjunto diversificado de 'frases', com significados muito distintos. Esta proto-sintaxe terá sido uma adaptação natural ao meio, permitindo a esta espécie africana comunicar com os membros do seu grupo e alertá-los para predadores e outros perigos iminentes.
O macaco de Campbell (cercopithecus campbelli), que vive nas florestas de vários países africanos, poderá ter eliminado mais um suposto marco diferenciador dos humanos em relação a outros seres vivos - a capacidade de desenvolver e utilizar uma linguagem - ao demonstrar possuir o mais complexo tipo de comunicação descrito entre animais.
Estudos realizados durante dois anos no Tai National Park, na Costa do Marfim, revelam que o símio em questão não só é capaz de emitir seis tipos distintos de chamamentos de alerta, como os combina em sequências vogais. Por outras palavras: constrói frases rudimentares.
A investigação foi coordenada por peritos em etologia (comportamento animal) do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) francês, em articulação com universidades da Escócia e da Costa do Marfim.
O processo consistiu no registo dos diferentes sons produzidos pelos macacos de Campbell, tendo depois sido testada a sua reacção a gravações e estímulos visuais. Por exemplo, recorrendo a sons e até exemplares empalhados de predadores presentes no seu habitat natural.
Os testes permitiram identificar três "vocábulos' básicos, todos com um significado específico: hok, krak e boom, que são duplicados em mais três pelo uso do sufixo 'oo'". Mas o que verdadeiramente impressionou os investigadores foi a capacidade dos animais para combinarem estes termos de diferentes formas, com uma variedade de significados distintos (ver caixa), no que descreveram como uma "proto-sintaxe" desta espécie.
De resto, ficou demonstrado que só raramente os macacos emitem estes sons de forma isolada, sendo muito mais frequente a sua combinação em sequências de até 25 chamamentos.
Os autores do estudo - publicado na página da Internet da revista Proceedings of the National Academy of Sciences, dos Estados Unidos - admitem que esta capacidade de combinar diferentes sons terá sido desenvolvida para compensar uma limitada flexibilidade vocal. Quando comparados, por exemplo, com as aves, os macacos são mais limitados no tipo de sons que podem emitir.
Um argumento que conduz, inevitavelmente, à hipótese de a linguagem humana ter tido, na sua origem, vocalizações animais bastante mais primárias.
No caso específico do macaco de Campbell, uma espécie arborícola (que vive sobretudo nas árvores), a reduzida visibilidade do seu habitat torna particularmente importante a existência de uma forma alternativa de manter o contacto e trocar informação - sobretudo alertas - com os da sua espécie.
Este símio vive em grupos de até 10 elementos, habitualmente constituídos por um único macho dominante, várias fêmeas e os descendentes ainda jovens.
Até agora, as tentativas de ensinar as bases da sintaxe humana a animais - não confundir com a capacidade de imitação demonstrada por várias espécies de aves - revelaram-se pouco produtivas.
Ao longo dos anos, realizaram-se várias experiências com chimpanzés - o animal geneticamente mais próximo do homem -, treinados para reconhecer e reproduzir sons humanos com o auxílio de equipamentos (como computadores).
Mas, embora sendo capazes de reconhecer o significado de várias palavras, estes não conseguiam combiná-las em frases.
Ao combinar três chamamentos ('hok', 'krak' e 'boom') e um sufixo (oo), o macaco de Campbell produz um conjunto diversificado de 'frases', com significados muito distintos. Esta proto-sintaxe terá sido uma adaptação natural ao meio, permitindo a esta espécie africana comunicar com os membros do seu grupo e alertá-los para predadores e outros perigos iminentes.
O macaco de Campbell (cercopithecus campbelli), que vive nas florestas de vários países africanos, poderá ter eliminado mais um suposto marco diferenciador dos humanos em relação a outros seres vivos - a capacidade de desenvolver e utilizar uma linguagem - ao demonstrar possuir o mais complexo tipo de comunicação descrito entre animais.
Estudos realizados durante dois anos no Tai National Park, na Costa do Marfim, revelam que o símio em questão não só é capaz de emitir seis tipos distintos de chamamentos de alerta, como os combina em sequências vogais. Por outras palavras: constrói frases rudimentares.
A investigação foi coordenada por peritos em etologia (comportamento animal) do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) francês, em articulação com universidades da Escócia e da Costa do Marfim.
O processo consistiu no registo dos diferentes sons produzidos pelos macacos de Campbell, tendo depois sido testada a sua reacção a gravações e estímulos visuais. Por exemplo, recorrendo a sons e até exemplares empalhados de predadores presentes no seu habitat natural.
Os testes permitiram identificar três "vocábulos' básicos, todos com um significado específico: hok, krak e boom, que são duplicados em mais três pelo uso do sufixo 'oo'". Mas o que verdadeiramente impressionou os investigadores foi a capacidade dos animais para combinarem estes termos de diferentes formas, com uma variedade de significados distintos (ver caixa), no que descreveram como uma "proto-sintaxe" desta espécie.
De resto, ficou demonstrado que só raramente os macacos emitem estes sons de forma isolada, sendo muito mais frequente a sua combinação em sequências de até 25 chamamentos.
Os autores do estudo - publicado na página da Internet da revista Proceedings of the National Academy of Sciences, dos Estados Unidos - admitem que esta capacidade de combinar diferentes sons terá sido desenvolvida para compensar uma limitada flexibilidade vocal. Quando comparados, por exemplo, com as aves, os macacos são mais limitados no tipo de sons que podem emitir.
Um argumento que conduz, inevitavelmente, à hipótese de a linguagem humana ter tido, na sua origem, vocalizações animais bastante mais primárias.
No caso específico do macaco de Campbell, uma espécie arborícola (que vive sobretudo nas árvores), a reduzida visibilidade do seu habitat torna particularmente importante a existência de uma forma alternativa de manter o contacto e trocar informação - sobretudo alertas - com os da sua espécie.
Este símio vive em grupos de até 10 elementos, habitualmente constituídos por um único macho dominante, várias fêmeas e os descendentes ainda jovens.
Até agora, as tentativas de ensinar as bases da sintaxe humana a animais - não confundir com a capacidade de imitação demonstrada por várias espécies de aves - revelaram-se pouco produtivas.
Ao longo dos anos, realizaram-se várias experiências com chimpanzés - o animal geneticamente mais próximo do homem -, treinados para reconhecer e reproduzir sons humanos com o auxílio de equipamentos (como computadores).
Mas, embora sendo capazes de reconhecer o significado de várias palavras, estes não conseguiam combiná-las em frases.
Comentários
Enviar um comentário